sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Fanfic Grillows-Capitulo 2


Uma lágrima correu disfarçada pela chuva através do rosto dela. Seus olhos fecharam-se lentamente. Ele conhecia aquele fechar de olhos. Catherine respirou profundamente e deu a volta. Caminhou trôpega, afastando-se dele. Ela conseguiu chegar até a caixa de correio quando se viu obrigada a parar. Baixou a cabeça apoiando a testa no metal. Gil observou-a apoiada em sua caixa de correio sem saber o que fazer, já a vira alcoolizada antes, mas nunca tão alterada. Ao notar que ela estava particularmente quieta, escorada na caixa, aproximou-se. Olhou ao redor a procura do carro dela. Não o avistando, agradeceu, sabe-se lá o que poderia ter acontecido, porém não imaginava como ela conseguira chegar até sua casa, seja de onde viesse. Já estavam há muito tempo debaixo daquela chuva, uma gripe seria inevitável, mas ninguém gostaria de uma pneumonia. Era hora de entrar.

Catherine, como se lesse seus pensamentos, sem se levantar, abruptamente estendeu a mão para impedi-lo de continuar.

"Aproxime-se e vai apanhar de novo," disse sem mover.

"Cath... Por favor, nós vamos acabar com uma pneumonia desse jeito."

Lentamente ela recolheu o braço e apoiou a cabeça nele para encará-lo.

"E por que você se importa?"

"Porque... Catherine, entra! Eu me importo porque eu me importo."

Os olhos dela se estreitaram e ela acertou um tapa contra a caixa.

"Sempre fugindo... Sempre fugindo. Seu frouxo! Covarde... Eu não vou entrar!"

"Cath, por favor, você está tão bêbada que mal consegue parar em pé."

"Eu não estou bêbada! E o que você está pensando? Se eu vim, eu posso muito bem voltar."

"Eu não quero que você vá embora..."

"Então o que você quer!" Ela já gritava de novo.

"Entra comigo, vamos tirar essas roupas e então conversamos... Eu vou ouvir tudo o que você tem a falar, mas por favor, vamos entrar."

Catherine soltou uma gargalhada aberta e sarcástica.

"Gil, você vai ter que ser mais persuasivo do que isso... Aliás, acho que já falei que você é um péssimo político!"

Grissom revirou os olhos, ela estava impossível. Pousou as mãos no quadril e encarou o olhar zombeteiro no rosto da mulher.

Mais uma gargalhada, toda aquela situação parecia extremamente cômica. A chuva, o estado no qual os dois se encontravam e claro, o jeito que ele a olhava.

"Posso saber o que é tão engraçado?" – ele a encarava.

"Deixe-me ver... Eu não tenho duas cabeças, não sou de outro planeta, porque você me encara dessa maneira? Alguma coisa no meu rosto, maquiagem borrada, minhas roupas estão manchadas?" nada fazia maissentido pra Catherine. Era como tentar cantar uma música que você só ouviu algumas vezes e acaba esquecendo tudo que cantou antes quando tenta a segunda vez.

"Sendo bem honesto, no momento, eu diria todas as alternativas anteriores. O seu cabelo tá totalmente molhado, assim como as roupas, a maquiagem toda borrada e sua blusa está... bastante transparente. Só pra começar," respondeu ele, com um sorriso meio sarcástico.

Ele estava coberto de razão. Branco realmente não era a melhor opção pra quem pretendia tomar banho de chuva no meio da rua. O rosto era manchado por toda a maquiagem que escorria pelas suas bochechas. Definitivamente, ela não parecia tão bonita quanto normalmente estaria.

Ela fitou suas roupas, ensopadas. Sem hesitar, mexeu os dedos em direção aos botões e começou a desfazê-los. Um ato extremamente simples e inocente ou pelo menos pra ela, Gil estava cada vez mais perturbado.

"Catherine, o que você acha que está fazendo?" Ele tentava impedir as mãos dela de acabar o trabalho. Ela soltou um palavrão e mostrou seus grandes olhos azuis de novo, o afastando e continuando sua tarefa, sem entender porque ele parecia tão paranóico.

"A minha memória pode não estar muito boa, mas se bem me recordo, momentos atrás foi você que sugeriu que eu entrasse e tirasse as roupas molhadas e se eu tirar aqui nós não precisamos entrar, certo!"

"Ok, agora você provou o quanto está bêbada. Nós estamos no meio da rua, ainda está chovendo e você inventa de ficar nua!"

"Ei, eu não pedi pra você olhar! Se eu tirar as minhas roupas e continuar na chuva é como se fosse um banho... mas se você não tirar a sua também, VOCÊ vai ficar doente... eu posso te ajudar se você quiser!" – pra ela tudo aquilo parecia uma proposta que todo bom samaritano deveria fazer, mas Grissom era o sóbrio e enxergava tudo de outra maneira.

Catherine abria os botões da camisa lentamente, exibindo já a curva dos seios cobertos pelo sutiã branco, este que ainda os protegiam muito bem. O sorriso no rosto dela era provocante. Gil jamais negaria que não se sentia fisicamente atraído por ela, afinal a mulher que se despia em sua frente era magnífica, sabia que homens em anos anteriores já haviam pagado altíssimas quantias para testemunhar aquela cena e poderem fantasiar-se a sós com aquela criatura e tocá-la como bem desejassem. Jamais negaria a si próprio que sentia ciúmes do passado dela e de suas lembranças desta época. Porém a respeitava acima de tudo e nunca ousara dar vazão ao poder que sua companheira exercia, mesmo inconsciente, sobre o sexo masculino. Conhecia a história dela e sabia o quanto lutara para conquistar o respeito de todos a sua volta profissional e pessoalmente. Além de todos os outros motivos plausíveis, este sempre era o primeiro a aparecer quando via Catherine como a mulher provocante que era.

"Catherine, pára!"

Ela ainda estava apoiada na caixa de correio, a mão esquerda tornando possível a vista de sua pele branca e molhada. Ele foi obedecido.

"Qual é o problema, Gil? Não gosta do que vê?" Os olhos dela cintilavam. "Muitos no seu lugar ficariam bem mais felizes."

"Te ver assim não me deixa nenhum pouco feliz, se humilhando, se rebaixando a esse nível."

Ela pôs as mãos na cintura com o olhar estreitado. Por um momento ela se manteve em silencio, então balançou a cabeça negativamente.

"Isso é tão relativo," Catherine se inclinou para frente. "O que você chama de 'me rebaixar' eu chamo de fazer o que eu quero, me satisfazer como eu bem entender, não me prender a regras estúpidas de uma sociedade hipócrita."

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