sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Fanfic Grillows-Capitulo 4


Catherine sorria para ele, com a mão estendida. Com toda a graça com o qual uma criança tentaria convencer seus pais a atender um pedido. Ele se levantou primeiro e então, pegou sua mão. Mesmo Gil sendo delicado e o processo acontecer bem lentamente, não pode evitar a tonteira repentina depois de passar aquele tempo sentada. Tentava arrumar as roupas sem sucesso e jogava o cabelo para trás.

"Agora que já estamos de pé, você se importaria de me dizer qual era a proposta e porque não poderia me falar sentada!" perguntou um Gil bastante curioso, segurando o braço de Catherine... só por segurança, não que ela fosse sentir a queda.

Ela soltou um sorriso malicioso e não falou nada. Ao invés disso, respirou fundo e então soltou um grito bem alto. Gil sentiu seus ouvidos reagirem ao barulho e fechou os olhos em reação.

"Você queria que eu ficasse surdo de novo! Ou o objetivo era outro, talvez acordar os vizinhos?"

"Não... é como siga o mestre. Agora é a sua vez. Vamos, não há nada melhor do que gritar pra se sentir livre. Não que eu seja uma exorcista profissional, mas dá pro gasto..."

Ele a olhava meio em dúvida. Não tinha certeza se aquilo era o álcool falando, mas afinal, qual era o mal que aquilo podia fazer! Problemas dos outros!

Ele repetiu as ações de Catherine, respirando fundo, tomando coragem e depois gritou. Não era tão ruim assim...

"Você devia ser terapeuta..."

Catherine abriu um largo sorriso e em seguida atirou-se contra ele. Seus braços rodearam o pescoço e ela o abraçou com força e vontade. Gil se assustou e quase perdeu o equilíbrio com o impacto, suas mãos pararam nas costas dela e pôde receber o abraço com gosto. Respirou fundo aspirando o cheiro natural dos cabelos dela. Em toda sua vida nunca estivera tão perto de alguém como estava dela, não fisicamente, mas emocionalmente. Jamais imaginara-se qualquer situação semelhante. Um grande passo fora dado, ele tinha consciência disso, estava finalmente evoluindo.

"Gil, eu te amo!" Catherine disse em seu ouvido.

Grissom sorriu. Finalmente percebeu que toda a racionalidade pela qual vivera sua vida, era inútil. Sentia a respiração dela suave em seu pescoço. A mão direita subiu até a cabeça onde acariciou os cabelos molhados. Aquele instante para ele parecer uma eternidade.

Sentiu Catherine o soltar e percebeu que ela ainda se apoiava nele, e com muito mais força que antes. Observou-a dar um passo em falso para trás. Rapidamente a aparou. Ela levou a mão à cabeça

"Sabe Gil, eu vou te contar uma coisa."

Ele a mirou com atenção. A expressão no rosto dela era séria, como se fosse fazer uma séria revelação.

"Eu não tô legal..."

Grissom não pôde deixar de soltar uma risadinha. Passou o braço direito dela sobre seus ombros, a segurou pela cintura e a guiou para dentro da casa.

"Mas eu bem que poderia dançar."

"Não começa a inventar moda."

"Chato..."

A chuva cessara completamente, de sua violenta passagem só restara várias poças, duas pessoas encharcadas e uma alma lavada.

Eles andavam vagarosamente até a porta, seguindo o ritmo de Catherine. Ela o encarou com um sorriso e ele parou, o sorriso só aumentou e virou uma leve gargalhada.

"O que foi? Tem alguma coisa no meu rosto?"

"Não... não que eu esteja enxergando e mesmo se tivesse, a água tinha levando embora. É que eu lembrei de uma coisa."

"E o que seria?"

"Eu devo ter te chocado bastante porque já faz muuuuuito tempo que você fica uma noite sem pronunciar um pensamento de alguém famoso."

Ele arqueou uma das sobrancelhas, sacudiu a cabeça e os dois continuaram seu percurso lentamente.

“'Não há nada melhor para uma alma do que tornar menos triste outra alma'."

"Shakespeare?"

"Paul Verlaine."

"Não conheço... Convidei-o para um chá, mas ele não compareceu."

Gil não pôde deixar de rir.

Ela sorriu cansada e entraram na casa. Uma noite. Poucas horas. Muitas vezes menos que isso. Somente algumas poucas ações são necessárias para provocar certas mudanças. Tanto tempo seguindo a normativa de sua vida, sempre tão prática e racional. Tanto tempo desperdiçado. Tanto tempo jogado fora. A noite terminava e o dia raiaria erguendo consigo novas motivações e esperanças.

A manhã deu início a um dia ensolarado. No céu azul celeste não havia uma única nuvem. Gil levantou-se do sofá observando-o, comparando-o a sua alma, agora limpa e leve. Respirou profundamente, ainda sentia-se confuso e chocado. Quase não tinha dormido, mas o pouco sono já havia lhe provido um pouco de clareza em seus pensamentos. Algo, definitivamente tinha mudado. Bom ou ruim, decidira não negar. Veria o resultado depois. Sentia medo daquela mudança, durante toda sua vida se protegera de decepções, de momentos de vulnerabilidade e lá estava ele se encaminhando para a beira do abismo. Logo abriria os braços e de jogaria. Será? Onde iria cair? Deveria se importar? Era uma estrada evitada a todo custo. Não podia simplesmente adentrar e ver onde iria dar. O que encontraria no final do caminho?

Parou a porta de seu quarto, em sua cama o corpo de Catherine repousava, recuperando-se da quantidade excessiva de álcool ingerida na noite anterior. Uma sensação de conforto o abraçou. Encostou-se no batente e observou-a, tão serena, tão tranqüila.

Catherine abriu os olhos lentamente. Sentia-se como se alguém estivesse enfiando milhares de agulhas em seu cérebro. A visão aos poucos foi tomando nitidez. Não tinha idéia de quanto tempo dormira, de qualquer modo pela claridade e o cantar irritante dos pássaros era dia. Passou a língua nos lábios secos sentindo a saliva densa e com um gosto terrível. Virou-se e encontrou Gil sentado observando-a. Foi então que se tocou que não estava em sua casa, em sua cama. Sentou-se imediatamente e foi como se seu cérebro balançasse.

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